Carta Orgânica do Grupo de Trabalho de Formação em Psicologia
Norte-Nordeste
Nós, do Grupo de Trabalho de
Formação em Psicologia Norte-Nordeste (GT), consideramos de vital importância
uma mínima estruturação da nossa discussão de funcionamento e organicidade, que
se dará por meio desta carta. Desde o início, é importante um grupo de trabalho,
enquanto um coletivo que possua uma unidade de princípios e objetivos, que
orientem a sua ação e, para tanto, é necessário uma discussão madura de sua
organização interna que reflita sua unidade e seus princípios.
O grupo possui como objetivo
fomentar discussões e debates acerca da temática da formação em psicologia.
Suas principais atividades são a escrita e leitura de textos, bem como
reflexões e debates virtuais em cima destes escritos abertos aos demais
estudantes, elaboração de sínteses a partir dos debates e publicação das
reflexões produzidas. Não pensamos enquanto atividades a formulação de
campanhas, cartilhas, mesas-redondas, atos, manifestações, greves, etc.
Cabe
ressaltar que não desconsideramos estes atos. Muito pelo contrário; os
consideramos essenciais para a defesa de uma educação de qualidade. Entretanto,
tais atos de ação direta devem se dar junto à base (estudantes), em coletivos
de base (como os Centros Acadêmicos) e em executivas estudantis. Defendemos que
o Grupo de Trabalho não é um espaço
de luta, mas um espaço de elaboração de reflexões e discussões. Portanto, este
espaço deve estar aliado à base; suas formulações devem ser levadas à base. Então,
defendemos que todos os membros devem participar e/ou promover as ideias do Grupo
de forma que estas possam ter ressonância em movimentos ou coletivos de base,
através de debates, assembleias, semanas de Psicologia, mesas redondas, grupos de
estudo, recepção de calouros, dentre outros.
Assim,
cabe ressaltar que, por mais que o Grupo de Trabalho não se proponha a
articular diretamente a base, seu fim último é auxiliar e servir de instrumento
a articulação estudantil pela defesa de uma educação de qualidade e socialmente
referenciada. Portanto, o objetivo de nossas discussões é servir como mais um
instrumento para que o estudante de Psicologia possa se apoderar sobre o seu
processo de formação, de forma a contribuir com o ensino e educação em Psicologia
nos micros espaços, que condizem a sua realidade vivencial e macros, à
realidade da formação em Psicologia como um todo.
Para ser considerado membro do grupo de trabalho, são
tomados como critérios: estar participando ativamente como colaborador das
atividades do GT por um período de seis meses; ser estudante de psicologia de
alguma IES’s (Instituição de Ensino Superior) do Norte ou do Nordeste; e
divulgar o GT e levar suas discussões para os estudantes, através de discussões
em aula, reuniões de Centros Acadêmicos, em momentos formais de debate durante
encontros estudantis e congressos, etc.
O perfil de formação que
defendemos é o de uma educação voltada a responder as necessidades e desafios
sociais, que incite a reflexão, entendida enquanto direito de todos e dever do
estado.
Quanto aos espaços internos
e regulares de tomada de decisão, podemos elencar três deles: reuniões,
planejamentos e congresso.
As reuniões ordinárias
possuem frequência mensal, sendo a data exata seguinte tirada ao término da
última reunião. As reuniões ordinárias devem ser divulgadas dentro do período
de, no mínimo, quinze dias antes da mesma, além da lista interna de e-mails, no
grupo interno do GT na rede social “Facebook”
e no blog do GT. Novas pautas podem ser acrescentadas por qualquer pessoa
através da lista interna de e-mails do GT até o período de um dia antes da
reunião. Esta medida visa que não sejam colocadas pautas de ultima hora sem que
os demais membros e estudantes que acompanham as discussões saibam previamente
que serão discutidas na reunião. Nas reuniões todos possuem direito de voz,
embora apenas membros tenham poder de voto. O quórum das reuniões é de 51%.
Reuniões extraordinárias
podem ser convocadas por membros ou colaboradores, contanto que sejam divulgadas
na lista interna de e-mails com até sete dias antes das mesmas e divulgadas no
grupo interno do GT na rede social “Facebook”.
As mesmas regras estabelecidas para reuniões ordinárias quanto à inclusão de
pautas, quórum e poder de fala e voto são aplicadas.
O planejamento se
caracteriza por um espaço semestral, aberto à participação de pessoas próximas
ao coletivo e de efetivação de novos membros, de preferência, com a presença de
todos os membros. O quórum do planejamento é de 75%.
Por fim, o congresso é um
espaço anual e, tal qual demais espaços, é aberto à participação de pessoas
próximas ainda que não integrantes, que possuem direito a voz e fala, mas não a
voto. Tal qual o planejamento, o quórum é de 75%, mas a preferência é que todos
os seus integrantes estejam presentes.
Quanto a estes dois espaços,
temos o posicionamento de que sejam espaços presenciais. Trazemos como
indicativo a realização do congresso e planejamento do primeiro semestre em
Dezembro, junto à presencial de avaliação do EREP N/NE, antes, durante ou
depois dos dias dela. Quanto ao planejamento do segundo semestre, trazemos o
indicativo de realizá-lo conjuntamente ao ENEP, antes, durante ou depois de sua
realização. A impossibilidade de encaminhar o congresso e os planejamentos junto
dos supracitados encontros permite a organização dos espaços segundo outras
possibilidades, uma vez que trouxemos apenas indicativos.
Apenas em ultimo caso,
diante da total indisponibilidade da realização de um espaço presencial, é
permitido que estes espaços sejam organizados de forma virtual. Entretanto, há
de se pensar se a troca de espaços presenciais por virtuais não está deixando
de ser exceção e se tornando regra, o que não é desejável.
De um
membro do Grupo de Trabalho exige-se que participe das atividades com assiduidade,
leia os textos propostos, tome para si os encaminhamentos tirados e que
participe dos espaços de tomada de decisão com frequência. Considera-se como
falta de assiduidade o membro que deixar de participar da discussão de mais de dois
textos por trimestre. Caso o membro esteja impossibilitado de participar das
reuniões por motivos relevantes, o mesmo deve explicar o ocorrido ao GT como um
todo ou a um de seus membros. O não cumprimento desse requisito será discutido internamente
pelo grupo que decidirá como proceder acerca do caso, podendo culminar na
expulsão do membro. Caso haja uma saída opcional, ela deverá ser comunicada
pelos meios formais de comunicação do GT (lista interna de e-mail’s ou
reuniões).
Um
princípio que nos orienta é o princípio da horizontalidade. Consideramos como
horizontalidade a não hierarquização dos mecanismos de tomada de decisão, em
que alguns integrantes considerados membros do Grupo de Trabalho detém maior
poder de decisão sobre outros.
Para tal elegemos como
mecanismo de tomada de decisão o voto direto e de peso único, de forma que as
decisões sempre estejam nas mãos dos membros do GT. Eleger o voto como
mecanismo de tomada de decisão não implica não haver consenso, pois quando há
consenso implica que todos os membros votaram de forma semelhante e/ou não houve
discordâncias.
Não negamos a diferença de
papéis ou de autoridade dentro do
nosso GT. De fato, existirão membros com maior experiência e bagagem de vida e
de luta, mas é preciso atentar para que esta autoridade não forme um autoritarismo. Para tal, reafirmamos o voto
direto e de peso único enquanto meio com legitimidade para tomada de decisões.
Também nos opomos à divisão
do trabalho prático e trabalho intelectual, proposto pelo atual modo de
produção capitalista. Consideramos de suma importância para a manutenção da
horizontalidade entre os membros a não divisão entre aqueles que pensam e
aqueles que trabalham. Desta forma, cada participante do GT poderá se apoderar
da discussão de forma a construir reflexões dialógicas que possam ser expostas
em reuniões científicas, congressos e outros meios de divulgação das atividades
do GT.
Outro princípio, e de
bastante importância, é o de autonomia financeira e política. Nosso coletivo se
propõe a atuar de forma independente de instituições econômicas e/ou políticas,
sejam empresas, partidos, coletivos, executivas ou o próprio estado. Para
tanto, o grupo se propõe contribuir mensalmente com um valor mínimo de R$5
(cinco reais) para custear as atividades do grupo como impressão de textos e
pôsteres, xerox, ajudas de custo para participação em congressos, dentre outros
e deve ser depositado na conta do GT. Institui-se também o cargo de tesoureiro
para controlar as contribuições dos membros e movimentações financeiras da
conta do grupo.
As decisões e ações do
coletivo dizem respeito aos seus membros, que deve atuar segundo os interesses do
próprio GT. Por isto, o mesmo deve ter autonomia de outros grupos, podendo
inclusive se posicionar de forma a se opor a estes. A autonomia financeira se
dá pelo mesmo motivo. A dependência financeira a grupos terceiros pode
comprometer os processos de tomada de decisão ou de atuação do Grupo de
Trabalho e, portanto, ferir a autonomia do coletivo.
E, entendendo que este
movimento nasceu a partir do EREP, cabe também pontuar um parágrafo para
esclarecer qual a relação entre o GT e a COEREP. Propomo-nos a construir o EREP
Norte-Nordeste garantindo nas presenciais e demais encontros, como o próprio
EREP, espaços de discussão sobre formação a partir das atividades do GT. Tanto
que pensamos em aproveitar as presenciais de avaliação para realizar o nosso
congresso, conforme já foi especificado. Entretanto também pautamos a autonomia
do Grupo de Trabalho em relação ao coletivo regional, que pode aderir ou não as
atividades do movimento norte-nordeste, segundo interesse e julgamento dos
membros.
Quanto à organização das
discussões, nos propomos a organizar as atividades segundo trimestres
temáticos. As discussões devem ocorrer por meio da produção de textos, sua
discussão em fóruns e elaboração de sínteses, tudo de forma coordenada (com
prazos e responsáveis). Também avaliamos que o quarto trimestre, de
preferência, deve ser orientado a sintetizar e ampliar as discussões do ano.
Propomos que haja espaços de
natural compartilhamento das produções e reflexões. Organizando por trimestre,
elencamos a seguinte relação:
1° Trimestre (Jan-Mar):
Presencial de Organização do EREP N/NE (Geralmente realizado em Abril)
2° Trimestre (Abr-Jun):
Encontro Nacional de Estudantes de Psicologia (geralmente realizado em Julho)
3° Trimestre (Jul-Set)
Encontro Regional de Estudantes de Psicologia (Geralmente em Outubro)
4° Trimestre (Out-Dez)
Presencial de Avaliação do EREP e Congresso do Grupo de Trabalho (Geralmente em
Dezembro)
Tratamos como exceção a
produção compartilhada de monografias. A esta forma de participação, que engloba
estudantes que estão elaborando monografias sobre o tema da formação em
psicologia e que desejam compartilhar suas elaborações com o GT, colocamos que
não deve estar, necessariamente, alinhada com o tema do trimestre. Porém, para
a atividade contar enquanto atividade do GT é necessário que a produção dos
capítulos ou de textos reflexivos a partir do tema e que contribuam para o
aprofundamento da discussão proposta sejam compartilhadas e postas em discussão
por meio de fórum, e haja elaboração de sínteses, não necessariamente pelo
autor da monografia. Além do mais, pedimos que uma versão digitalizada da
monografia seja disponibilizada para o grupo de trabalho.
A alteração dos itens dessa
carta só poderá ser discutida em congresso, espaço destinado à alteração ou
reafirmação dos princípios e da organicidade do Grupo de Trabalho. Qualquer
alteração realizada fora desse espaço não é legítima e deverá ser
desconsiderada.
Aprovado
em regime de congresso 05/01/12 por:
David
Vieira de Araújo
Klessyo
do Espírito Santo Freire
Nara
Silveira Remígio
Membros
do GT de Formação em Psicologia Norte-Nordeste.
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