sexta-feira, 2 de março de 2012

DISCUSSÃO DE MARÇO: UMA ANÁLISE SOBRE AS ORIENTAÇÕES POLÍTICAS DO BANCO MUNDIAL PARA A EDUCAÇÃO BRASILEIRA

Mudamos o primeiro texto para discussão em Fórum Virtual, porque aquele estava muito grande e era meio maçante para ser o primeiro.

Estamos colocando para discussão o texto "UMA ANÁLISE SOBRE AS ORIENTAÇÕES POLÍTICAS DO BANCO MUNDIAL PARA A EDUCAÇÃO BRASILEIRA".

O debate em fórum virtual se dará até o dia 12 de Março pelos comentários desta postagem. Após esta data, pretendemos formar uma posição, um acúmulo, e discutiremos formas de fazer esse acúmulo chegar aos estudantes no sentido de potencializar, atrás de análises mais apuradas, as mobilizações dos estudantes em defesa de uma educação de qualidade.

O link do pdf do texto é este: http://www.estudosdotrabalho.org/anais6seminariodotrabalho/rebecamuceniecks.pdf

A parte mais importante se encontra a partir do final da página 8, intitulado "As Diretrizes do Banco Mundial para as Políticas Educacionais".

5 comentários:

  1. David Vieira de Araujo - UFC4 de março de 2012 às 12:28

    Dando o primeiro passo, coloco aqui algumas impressões minhas:

    O ponto central da política do Banco Mundial na década de 1990, evidentemente, é a redução do papel do Estado no financiamento da educação, e a diminuição dos gastos do ensino. (...) O número de alunos por professor ou tempo dedicado ao ensino é desconsiderado para o desenvolvimento da educação, mas útil para redução de custos, colocando em prática a orientação de reduzir custos ampliando ao máximo os resultados (FONSECA, 1998).

    Este trecho pra mim resume um pouco do que se trata destas normas do BM à educação, normas estas que já estão orientando as reformas as quais estamos vivendo os frutos. Trata-se disso mesmo reduzir ao máximo os custos procurando ampliar os resultados. E nisto veio o REUNI, aumentando as vagas na universidade sem melhorar, de fato, o investimento na educação.

    E nisto cai como uma luva o REUNI no sentido de ter mais alunos por professor. O REUNI trouxe mais professores, porém não o suficiente para abarcar a quantidade de estudantes que estavam chegando. Os frutos eu vejo muito no departamento de psicologia da Federal do Ceará (Unidade Fortaleza), professores cada vez mais sobrecarregados e arrumando “jeitinhos”, como as supervisões coletivas e o movimento de não mais orientar monografias caso estejam com algum cargo, como chefia de departamento ou coordenação (inclusive, por pouco não consigo garantir minha monografia por conta disto). Cabe ressaltar que não julgo que a culpa seja dos professores por tentarem trabalhar e não enlouquecer.

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  2. David Vieira de Araujo - UFC4 de março de 2012 às 12:28

    Percorrendo um pouco o texto, me chamou a atenção o seguinte:

    A reforma proposta pelo Banco Mundial ao sistema educacional dos países em desenvolvimento redefine a função do governo por meio de seis medidas, sendo que
    todas elas contribuem para trazer consenso e fortalecer os princípios neoliberais que prevalecem em nossa sociedade. (...) Em seguida propõe-se que os investimentos públicos estejam centrados na educação básica, ao mesmo tempo em que as famílias são incentivadas a participar mais efetivamente no financiamento para a educação superior.

    Está nas diretrizes a demanda de tornar o ensino superior público menos público. Por detrás há a idéia de uma redefinição do papel do estado, de “voltado a garantir os meios básicos de vida, dentre as quais a educação” para “voltado a garantir o funcionamento da economia”. Daí entra um processo que já está acontecendo que é o sucateamento do ensino superior, como pudemos ver no começo deste ano com o grande corte orçamentário do governo Dilma para a educação. O sucateamento é um processo para fazer crer que as coisas não funcionam e que se deve privatizar o que não funciona em prol de uma maior qualidade. Em nenhum momento se questiona o financiamento enquanto forma de melhorar a educação.

    No caso do ensino superior, o BM não recomenda abertamente a privatização mas a participação das famílias no financiamento da educação superior. Ao invés de vender as IES’s públicas, cabe criar pequenas taxas para o bom funcionamento da instituição e que buscará apelar para o “os estudantes também tem responsabilidade com a manutenção da universidade”. Então vai surgir a taxa da matrícula, a taxa do cartão do RU, a taxa para usar o auditório, a taxa para usar a sala de estudos... etc. Até que se tenha uma grande quantidade de taxas e forme-se uma mensalidade. Isto é uma, por assim dizer, profecia antiga que ouvi de uma professoras que já foi do M.E. e que ela diz que já tentaram fazer isso mas os estudantes nunca deixaram passar.

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  3. David Vieira de Araujo - UFC4 de março de 2012 às 12:29

    Por fim, quero destacar um ultimo ponto:

    O mesmo documento ressalta a educação como o caminho a ser percorrido pelos pobres
    para melhorar sua situação econômica. “É óbvio que se as crianças pobres receberem instrução terão muito mais chances de deixar de ser pobres” (BANCO MUNDIAL, 1990, p.85).

    Todo o documento é permeado por um tom salvador da educação, de que a educação ajudaria a reduzir as desigualdades, aumentaria a mobilidade social e traria imensos benefícios para as pessoas. Entretanto, paralelo a essa fala, o aspecto econômico precede o aspecto humano, como no trecho a seguir: “Em primeiro lugar, a educação deve ser concebida para satisfazer a crescente demanda por parte da economia, de trabalhadores adaptáveis, capazes de adquirir facilmente novos conhecimentos” (BANCO MUNDIAL, 1995a, p.7).

    Primeiro é o mascaramento das formas de manutenção da desigualdade social. A educação por si só não faz as pessoas saírem da pobreza. Uma vez que existe uma desigualdade na distribuição de recursos, o que deve ser alcançado é a distribuição igualitária destes recursos para a população e não o acúmulo intelectual de uns. Tem um texto que li a muito tempo que se questionava se a educação era uma forma de trazer justiça social e a autora no final chegava a conclusão de que investimentos na educação apenas fará dos pobres mais cultos, porém, não menos pobres.

    E, enfim, a contradição que há no documento, trazendo a educação enquanto aspecto da libertação humana, porém, colocando-a completamente a favor do mercado. Contradição não incompreensível, uma vez que o discurso humano da educação possui como função mascarar toda desumanidade de colocá-la a serviço dos interesses da economia em detrimento dos seres humanos.

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  4. David Vieira de Araujo - UFC4 de março de 2012 às 12:48

    Que droga, os trechos que eu coloquei em itálico no word não ficaram em itálico nos comentários. Espero que não prejudique o entendimento.

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  5. Bem,acho que pode-se ver dois aspectos importantes nesse documento. A enfase nos materiais e não nos recursos humanos...Isso pode influenciar na adoção desse tecnicismo que vemos, o fazer sem saber porque...

    Fazer algo assim é reproduzir uma ideologia dominante....Reproduzir um status quo, imagina isso na área de saúde e na psicologia?

    A outra questão é a da participação da sociedade! A questão é que a gente se esquece que o mercado somos nós....Ser visto como sujeito consumidor não é legal, porém, podemos usar disso a nosso favor....O que acham disso?

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